O transplante de córnea é um procedimento cirúrgico indicado para algumas situações extremas de alterações de características da córnea, como a integridade, a curvatura e a transparência do tecido. Entre todos os transplantes de órgãos realizados no Brasil, é o campeão em número de cirurgias realizadas.

Exemplos de situações que exigem uma substituição do tecido doente por um sadio: Infecções sem resposta aos tratamentos convencionais, que podem perfurar a córnea ou deixá-la tão afinada que a perfuração seja um risco eminente. Casos de Ceratocone muito avançados, onde a curvatura, a espessura e própria transparência do tecido podem estar tão comprometidos que não seja mais possível a realização de nenhum outro tratamento menos invasivo para reabilitar a visão. Outras ectasias da córnea, como a Degeneração Marginal pelúcida e o Ceratoglobo são outros exemplos. Cicatrizes decorrentes de traumas, infecções no passado, também podem comprometer seriamente a visão, necessitando de um transplante.

Doenças do endotélio corneano, como a Distrofia de Fuchs, onde esse tecido nobre, que mantém a córnea clara, transparente e num estado de semi-desidratação pode perder sua função, indo à falência, com consequente edema da córnea, podendo formar dobras e bolhas na superfície, com comprometimento grave da visão e dor em casos avançados. Esta é uma condição que em fases tardias de sua evolução, vai exigir a substituição do tecido também.

A substituição da córnea é feita por órgão doado, de cadáver. Uma vez autorizada a doação pela família, o tecido passa por rigoroso tratamento e detalhamento de suas condições, bem como por exames de sangue do doador, para descartar possíveis doenças transmissíveis, antes de ser liberada num ranking para receptores na fila de espera.

O transplante pode ser realizado por técnicas diferentes, dependo do problema que precisa ser resolvido, sendo possível fazer a substituição da espessura total da córnea (TX penetrante) ou de uma camada, uma lamela, da mesma. (TX lamelar).

Em média, tem duração de 15 anos, podendo ser necessário fazer um novo transplante depois desse período.

É um ato de amor, acima de tudo! Permitir que alguém possa ter a visão recuperada ou a integridade do olho reparada,  pela doação das córneas de um ente querido num momento de dor.

Dra. Daniela Sampaio

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